terça-feira, janeiro 31, 2023

ferramentas

 Ferramentas.
(A partir de uma frase de BNegão.)

"Olha ali; não tem uma só tesoura, mas são muitas e cada uma tem sua função."

 
Essa frase me levou a refletir sobre minhas próprias ferramentas, as de aço, aquelas de cortar, outras de desbastar, aplainar e alisar.
Outras são de medir, comparar, transferir e marcar. Medir três vezes e cortar uma só vez é o bom conselho dos mais experientes.
Outras ferramentas são intangíveis; ideias, pensamentos, sensações e sentimentos - tudo aquilo que fica gravado das nossas experiências na vida.
Com essas ferramentas podemos também medir, comparar, desbastar o que não é essencial, tirar conclusões, certas ou nem tanto.
Tudo depende da qualidade dessas ferramentas e do nosso domínio sobre elas.
No fim de tudo, o conhecimento e seu uso coordenado é a chave.
No exemplo de BNegão as várias tesouras serão pouco menos que inúteis se o cabeleireiro não dominar seu uso; mas serão ótimas ferramentas quando bem utilizadas de modo competente.
Portanto, é o uso de todos os nossos conhecimentos de modo harmonioso,  mesmo os mais variados, que nos vai levar a uma análise mais completa e acertada dos problemas e das situações que surgirem em nosso caminho.

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segunda-feira, agosto 03, 2020

novos projetos

Desde o início de Junho deixei de atualizar minhas condições de saúde, que anoto aqui mais para futura referência. 
Um dado positivo: não vou ter que fazer quimioterapia, mas devo passar por exames de acompanhamento pelos próximos cinco anos.

O lado bom dessa fase é que estou encaminhando um projeto antigo: um pouco de marcenaria amadora.
Os próximos passos serão (a) fazer um gabarito mestre de centralização e furação para cavilhas de seis milímetros; (b) confeccionar pelo menos quatro grampos sargentos longos em madeira; (c) cortar e montar prateleiras para um armário embutido em um espaço de alvenaria. 

Estes projetos serão mostrados no Oficina 8181, meu outro blog.

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a inclemencia da morte

"No dia seguinte ninguém morreu." Com essa frase começa o romance "As Intermitências da Morte", de José Saramago. Toda noite, ao ouvir o novo número de mortes e o total de mortos pela Covid-19 em nosso país lembro de Saramago e de sua profunda e instigante narrativa onde a vida, a morte, o amor e nossa razão para existir são colocados sob uma visão, às vezes cáustica, às vezes até hilária.
Naquele país imaginário grassou o medo de viver para além do suportável, quando cidadãos doentes, em estado terminal, eram mantidos vivos porque a Morte recusava-se a cumprir seu dever de levá-los dessa para melhor.
Em nosso país real, a Morte deve sentir-se assoberbada ao ter que recolher, a cada dia, cerca de um milhar de almas dos mortos pela pandemia, além daquelas que lhe caberia recolher normalmente de cidadãos e cidadãs mortos por outras causas. O medo em nossas plagas não é o de vegetar para sempre, mas o medo de ser acometido de uma doença que nega a seus portadores a convivência com a família, abala as relações sociais, põe à prova o amor pelo próximo e mostra sem pudor a precariedade das nossas existências.
A esperança sempre acalentada em nossos corações e mentes é de ouvir, sabe-se lá quando, a frase: "Ontem ninguém morreu da Covid-19."

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segunda-feira, junho 01, 2020

chega junho

Hoje é o décimo dia após a cirurgia. Segundo meu médico, é o final do período crítico pós-cirurgia. Pequenos problemas comuns em tal situação aparecem, mas não me afligem; estão sob controle.
Começo já a pensar em um pequeno projeto de marcenaria, para realizar em breve. 
Pensar e agir como se os tempos fossem normais me parece uma atitude positiva.
Perseverar é preciso.

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terça-feira, maio 26, 2020

onze dias em maio

Como me referi no post anterior, estava internado, aguardando por uma cirurgia. Havia um exame a fazer (colonoscopia), o que ocorreu na última sexta-feira, 22; a cirurgia foi feita no sábado.
Depois de quarenta e oito horas num CTI e mais vinte e quatro horas em um quarto, voltei hoje para casa.
Sei que a melhor atitude é me manter otimista, mas depois de ouvir que há reais chances de ter que passar num futuro próximo por quimioterapia, o otimismo fica um tanto abalado.
Não tenho ilusões de me tornar um Matusalém centenário; o que assusta é terminar entre dor e sofrimento.

quarta-feira, maio 20, 2020

aproveite seu tempo

Conheço pessoas que planejam em vários níveis: diário semanal, mensal e, até,  anual. Pessoalmente, não costumo fazer planos e quando os faço estão sujeitos a mudanças ou mesmo cancelamento.
Certamente, planejar permite produzir mais e investir seu tempo de maneira proveitosa; mas isso pode riscar do seu tempo aqueles momentos de devaneio e ócio que podem nos levar a ideias criativas.
No momento, estou hospitalizado, à espera de uma cirurgia. Mas meu estado geral é satisfatório e tenho lido um bocado. Estou aproveitando o tempo com algo que gosto muito: desenhar ou aprender sobre desenho artístico.
Consegui baixar o PDF de um excelente livro sobre sketching urbano. The Urban Sketching Handbook de Gabriel Campanaro. O livro é em inglês. O download foi feito de Artubook, ( clique no link para baixar).


Na Amazon está com preço de R$ 103,00 que podem ser parcelados em três vezes.
Publicidade à parte, estou adorando a leitura e procurando assimilar as ideias e dicas do autor.

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sábado, maio 16, 2020

sessenta dias

Depois de sessenta dias de quarentena, tenho que enfrentar outro inimigo que não é o Covid-19; e o inimigo vem de dentro.

Espero que mais esse inimigo seja vencido, mas ainda não sei seu nome. Logo poderei dizer mais sobre esse problema.

sábado, maio 09, 2020

sobrevivendo

Faz alguns dias, vínhamos observando dois filhotes de beija-flor no ninho que a fêmea mãe deles construiu sob o telhado da churrasqueira. Como é comum, um dos filhotes cresceu bem mais que o outro. O ninho ficou pequeno para os dois e, ontem à noitinha, o filhote menor caiu do ninho e perdeu-se na grama do quintal. Minha esposa estava na varanda e ouviu os chamados do filhotinho. Foi preciso usar uma lanterna para encontrá-lo. Formigas já atacavam o bichinho.
Limpo das formigas e aconchegado no calor da mão da esposa, improvisei um ninho com algodão e lenço de papel, o filhote aceitou algumas gotas de água com açúcar orgânico. Assim, passou a noite protegido e alimentado.
Hoje, colocamos o ninho improvisado próximo a uma das janelas e temos agora uma extremada mãe alimentando seu pequerrucho, alternando os cuidados com o irmão maior que continua no ninho.

Nosso berço e seu minúsculo ocupante.

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quinta-feira, abril 30, 2020

museu moderno

Tenho um projeto que chamo de Meu Museu Moderno, onde quero reunir alguns objetos que se tornaram obsoletos mas que resolvi guardar. São câmeras digitais, celulares, cartões de memória, cartões de telefones públicos, cédulas das diversas moedas que tivemos - desde o Cruzeiro dos anos 1940.
Essa HP PhotoSmart 215 é minha primeira câmera digital e ainda funciona como nova, embora tenha vinte anos de idade.
O cartão de poderosos 4MB veio com a câmera, já o de imensos 24MB comprei junto com um kit de bateria recarregável externa. A HP 215 consome quatro pilhas AA, alcalinas, com muita rapidez.

A velocidade do desenvolvimento de novas tecnologias tornou as câmeras digitais quase completamente obsoletas, salvo aquelas exclusivas para uso profissional. Qualquer smartphone atual substitui com vantagem a maioria das câmeras digitais para amadores e mesmo as ditas semiprofissionais. Embora esses mesmos smartphones estejam fadados à obsolescência em poucos anos, ou meses. A essa condição precária e temporária dos novos gadgets deu-se o nome de Obsolescência programada.

Obsolescência programada é a decisão do produtor de propositadamente desenvolver, fabricar, distribuir e vender um produto para consumo de forma que se torne obsoleto ou não-funcional especificamente para forçar o consumidor a comprar a nova geração do produto. (Wikipédia).

Ainda assim, um item importante do Meu Museu Moderno  será um notebook Semp Toshiba IS-1462 que me serviu por longos doze anos, rodando várias versões do Linux.


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terça-feira, abril 28, 2020

autocratas no poder

Estou começando a leitura de Como as democracias morrem, de Steven Levitsky e Daniel Ziblatt,  publicado pela editora Zahar nesse ano da graça de 2020.

Logo na introdução, pagina 20, destaquei:

"Uma vez que um aspirante a ditador consegue chegar ao poder, a democracia enfrenta um segundo teste crucial: irá ele subverter as
instituições democráticas ou ser constrangido por elas? As instituições
isoladamente não são o bastante para conter autocratas eleitos.

Constituições têm que ser defendidas – por partidos políticos e cidadãos organizados, mas também por normas democráticas. Sem
normas robustas, os freios e contrapesos constitucionais não servem como os bastiões da democracia que nós imaginamos que eles sejam.

As instituições se tornam armas políticas, brandidas violentamente por aqueles que as controlam contra aqueles que não as controlam. É
assim que os autocratas eleitos subvertem a democracia –
aparelhando tribunais e outras agências neutras e usando-os como
armas, comprando a mídia e o setor privado (ou intimidando-os para
que se calem) e reescrevendo as regras da política para mudar o
mando de campo e virar o jogo contra os oponentes. O paradoxo
trágico da via eleitoral para o autoritarismo é que os assassinos da
democracia usam as próprias instituições da democracia – gradual,
sutil e mesmo legalmente – para matá-la."


Ainda estou com a versão digital, mas esse livro vai certamente, e em breve, fazer parte da minha pequena biblioteca. 

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