terça-feira, maio 03, 2005

Com quem, mesmo?

Quando garoto, ouvi pela primeira vez a expressão "falando com meus botões". Achei engraçado. Coisa de velho, falar com os próprios botões, que na época, diga-se de passagem, eram profusos. Nas camisas, nos bolsos e até na braguilha das calças (quem não souber o que é isso, vá ao Aurélio): uma turma de ouvintes pra ninguém botar defeito.
Penso que, depois de tantos anos vividos, sofridos e cada vez menos ouvido, cheguei à verdadeira essência da expressão: só fala com os próprios botões aquele que já não tem com quem falar.
Mas, agora é tarde: Procuro em toda a minha indumentária e só encontro UM mísero botão; na camisa. Pois todo o resto é zíper, cadarço ou velcro - danada de modernidade!
Minha esperança é de que o pobre botão tenha o mesmo sentimento de solidão e, o mais importante, goste tanto quanto eu de conversar.
Por outro lado, talvez fosse uma experiência assaz interessante falar com meu ziper, ou quem sabe com meus cadarços. Quem sabe?