terça-feira, junho 12, 2007

A coisa e o nome

Toda vez que um novo produto se populariza, existe a tendência a se associar a marca comercial ao objeto. Um dos exemplos mais comumente citados é o da gilete. Na verdade o objeto é uma lâmina de barbear, mas o nome de uso comum vem da marca comercial do seu criador King Gillete.
O exemplo mais extremo dessa tendência ouvi na frase: "Comprei um sugar da Suggar, que é o melhor mesmo". Nesse caso, a pessoa falava de um exaustor ou purificador de ar desses que se instalam sobre o fogão para retirar do ar a gordura das frituras.

Mas essa história toda começou por causa do 'olerite', que é como se costuma chamar o contracheque em São Paulo. Não que os paulistanos desconheçam os computadores que hoje emitem os contracheques, eles até estão bem atualizados com esses trecos eletrônicos. O costume vem do uso de máquinas de tabulação, ou processadores eletro-mecânicos fabricados pela Deutsche Hollerith Maschinen Gesellschaft, ou Dehomag. Era essa uma empresa alemã, incorporada em 1911 pela antecessora da IBM norte-americana. Essas máquinas foram inventadas por Herman Hollerith, fundador da Dehomag, para tabulação dos resultados de recenseamentos demográficos. Usadas no processamento dos dados do censo dos EUA de 1890, terminaram sua tarefa em três anos, quando a previsão para o trabalho era de que só terminasse depois de 1900, fosse ele feito manualmente.

São consideradas como os primeiros mecanismos para processamento de dados. Cheguei a ver alguns modelos de máquinas Hollerith em funcionamento, ainda na década de 1970. Os dados eram inroduzidos por meio de cartões perfurados, um recurso usado depois nos primeiros processadores da Burroughs, por exemplo.

Quem aí lembra dos primeiros concursos da Loteca, a loteria do futebol? O apostador entregava o volante com os palpites e esses eram transferidos para um cartão perfurado. As apostas terminavam, se não me engano, na quinta-feira, para dar tempo de processar toda aquela massa de cartões antes do domingo.

Infelizmente, outros usos das Holleriths não foram tão éticos. Na Jewish Virtual Library, há um artigo sobre o uso dado por Hitler àquelas máquinas. Se não fosse pelas Hollerith fornecidas e mantidas em operação pela IBM, o Holocausto não teria atingido tantos milhões de judeus.

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