domingo, março 25, 2007

Mentiras sobre o PIB

Parece que agora é moda, na imprensa brasileira, citar países como Haiti e El Salvador como detentores de PIB maior que o brasileiro. Isso é um erro grosseiro que os jornalistas não se preocupam em corrigir. Apenas publicam as opiniões que lhes chegam às mãos (agora chegam também às suas caixas de entrada sob a forma de emails) como se fossem verdades absolutas. Chega a ser leviana a publicação de tais afirmações numa página de 'Economia Negócios & Serviços', como aconteceu no Jornal do Brasil, página A18 do sábado 24/03/2007.

A definição de PIB - Produto Interno Bruto, diz que ele 'representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos em uma determinada região (qual seja, países, estados, cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano, etc). O PIB é um dos indicadores mais utilizados na macroeconomia com o objetivo de mensurar a atividade econômica de uma região'.(Fonte: Wikipedia)

Consultando uma tabela existente na mesma Wikipedia, podemos constatar que o PIB do Brasil é o maior dentre todos os países da América Latina - incluindo o México. Foram um trilhão, vinte e três bilhões cento e noventa e oito milhões de dólares em 2006. Já El Salvador teve um PIB de dezoito bilhões cento e noventa e um milhões de dólares e o Haiti quatro bilhões quatrocentos e onze milhões de dólares.

Então, qual a origem do mal-entendido? O que ocorre é uma comparação - também mal-feita, diga-se de passagem - entre as variações anuais desses PIBs. Em notícia publicada no globo online, na sexta-feira 23/03/2007, podemos verificar que o Brasil está - seguramente - entre as onze maiores economias do planeta. Sendo assim, que valor tem comparar o crescimento do PIB brasileiro com o PIB do Haiti?

O PIB do Paraguai, citado como exemplo, cresceu tanto quanto o do Brasil em 2006. E daí?? Mesmo que o PIB do Paraguai cresça a dez por cento ao ano, durante os próximos dez anos, alguém acredita que o Paraguai vai se tornar um paraíso? Não é só o crescimento econômico que interessa. Importante é o que melhora no país com o produto desse crescimento.

O que devemos ter como meta é, antes de tudo, a manutenção da estabilidade econômica. Em segundo lugar, a diminuição do endividamento externo e interno do governo. Se essas prioridades impedem um crescimento anual maior do PIB, também impedem um desequilíbro econômico nos traga de volta as altas taxas de inflação do passado.

Afinal, alguém aí lembra dos tempos em que os presidentes criavam planos econômicos mirabolantes e a inflação continuava a galopar sempre na frente dos nossos salários? Eu não quero voltar ao tempo em que corríamos a fazer as compras do mês na manhã do dia do pagamento, pois se deixássemos para fazê-las à tarde as maquininhas de remarcação dos super-mercados já teriam roído nosso poder de compra a taxas de até um e meio por cento em um só dia. Vamos fazer outra comparação besta? Naqueles tempos, a inflação de uma semana era maior que o crescimento do PIB em um ano.

Os empresários brasileiros reclamam diariamente da alta taxa básica de juros, mas esta vem decrescendo de modo firme e constante há uns dois anos ou mais. Pergunto: as empresas têm respondido a essa baixa dos juros com algum crescimento, ou os empresários estão aproveitando para aumentar seus lucros?

Por essas e outras, o Brasil vai ser o eterno país do 'quem não chora não mama'.

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