sábado, fevereiro 17, 2007

China pisa na lama e pensa na Lua

Deu no Astronomy Neswletter. Em um artigo publicado no último dia 14, intitulado Gearing up for Chang'e, que sinifica mais ou menos 'Equipando-se para o Chang'e', Renjiang Xie - astrônomo amador que mora em Dalian, China e comanda o maior site chinês sobre Astronomia - Astronomy Forum of Boötes, anuncia que a rede chinesa para a exploração do espaço profundo está pronta para o lançamento de seu primeiro veículo espacial com destino à Lua.
O veículo, chamado Chang'e 1, tem seu lançamento programado para abril próximo. Apesar da rede de monitoração da banda S de microondas existente na China estar apta a atender as demandas de uma nave tripulada da classe Shenzou, seu diâmetro não é grande o suficiente para uma missão interplanetária. Preparando-se para a missão, a China construiu duas antenas VLBI (veja definição abaixo) em 2006, uma em Beijing e outra em Yunnan, no sudoeste da China.
As antenas medem 50 metros e 40 metros de diâmetro e estão em fase de testes. De acordo com Li Yan, diretor dos Observatórios Astronômicos Nacionais da Academia Chinesa de Ciências, a China tem agora quatro grandes radiotelescópios cobrindo uma distância de 3.000 quilômetros. O veículo lunar chinês será lançado por um foguete CZ-3A do espaçoporto de Xichang, na província de Sichuan, no sudoeste da China, e entrará em uma órbita geoestacionária antes de se dirigir à Lua.

Enquanto isso, a poluição pela extração e queima de carvão continua como o principal problema ambiental na China. Setenta por cento da energia consumida pela indústria chinesa, uma das maiores e talvez a que mais cresce no mundo, é proveniente da queima de carvão mineral. Em áreas de extração do mineral naquele país, existem rios cujas águas são negras por causa do pó de carvão nelas diluído.

Sabemos todos que a temperatura mundial vem aumentando nas últimas décadas e o aquecimento global parece irreversível. Ainda assim, os EUA continuam na sua recusa de assinar qualquer tratado de compromisso para uma diminuição eficaz da emissão dos gases causadores do chamado efeito estufa. Pelo Tratado da Conferência de Kyoto, 1997, os países indutrializados concordavam em diminuir em cinco por cento suas emissões em relação ao nível de 1990. Isso é muito pouco, insuficiente para frear a marcha do aquecimento da terra.

Talvez esses governantes pensem que os cientistas estão errados em suas conclusões. Talvez os estados mais poderosos esperem tomar pela força os recursos que restarem depois do caos instalado nas regiões atingidas pelo aumento dos níveis dos mares. Isso parece improvável, já que os efeitos serão iguais para todos e talvez até mais intensos no Hemisfério Norte. Vejam-se as enchentes e tempestades cada vez mais catastróficas na Europa e as nevascas de inverno cada vez mais violentas nos EUA (embora no norte do Canadá o inverno dure cada vez menos).

Uma coisa é certa: a solução do problema não está na Lua. Logo, parece bastante razoável imaginar que a China devesse empregar melhor seus recursos. Seria mais eficiente gastar em medidas contra a poluição pela extração e queima do carvão do que em sistemas para controle de missões espaciais.

Infelizmente, essas decisões dependem da cabeça de políticos; e sabemos muito bem que o conteúdo de tais crânios é de qualidade altamente duvidosa.

VLBI - (Very Large Baseline Interferometry) É uma técnica usada por radioastrônomos. Radiotelescópios em redor do mundo podem ser interligados eletronicamente para sintetizar um telescópio chamado interferômetro. Tal instrumento cria o efeito de um gigantesco telescópio, tão grande quanto a maior separação entre as antenas individuais (baseline). Estes poderosos telescópios podem obter imagens de objetos astrofísicos mais detalhadas do que as obtidas por qualquer outra técnica astronômica. Traduzido de Whatis.

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