sexta-feira, novembro 17, 2006

Barreiras Globais

Você por certo já ouviu falar no rádio, ou viu na TV, as barreiras que dois dos países mais odiados no mundo vêm construindo em duas de suas fronteiras. De um lado, Israel constrói um vergonhoso muro com o intuito de barrar o acesso dos palestinos aos seus territórios - alguns destes Israel tomou pelas armas aos mesmos palestinos. O argumento é a proteção contra o terrorismo dos homens e mulheres-bombas.

Mas jogar foguetes uns nos outros, por cima do tal muro, pode.

Do outro lado do Atlântico, são os norteamericanos de Bush que iniciam a construção de uma cerca eletrificada ao longo da fronteira com o México. Alegam que essa seria a melhor maneira de evitar a invasão dos ilegais - um problema criado certamente pela política econômica dos próprios EUA. Se não, vejamos. Os EUA insistiram com todos os argumentos e pressões para que o México viesse a fazer parte da ALCA. O livre comércio entre os dois países - EUA e México - traria grandes vantagens aos vizinhos pobres ao Sul do Rio Grande. Mas como em todas as vezes em que o pobre se mete a fazer negócios com o rico, o controle final fica nas mãos de quem tem mais dinheiro. Exemplo: é tradição o patrão dizer qual vai ser o salário do empregado e se esse não estiver satisfeito tem um desempregado logo ali na esquina, esperando a vaga.
Como seria de esperar, logo que os empresários dos EUA se viram às voltas com uma mais acirrada concorrência dos países asiáticos, trataram de buscar na mesma Ásia a mão de obra mais barata - quase escrava, diga-se de passagem - que os mexicanos já não podiam oferecer. Lá se vão os investimentos e lá se vai o trabalho. Como a ALCA ainda existe e o México ainda faz parte dela, não há muito que eles possam fazer. Mas, o povo que não é bobo, vislumbrou uma compensação, através de um aumento da emigração ilegal para o lado onde o trabalhador - mesmo o de menor qualificação profissional - tem mais chance de ganhar um salário digno. Há muito tempo os ilegais já vêm atravessando a fronteira para o Norte, mas nos últimos anos o fluxo aumentou bastante. Só não acho que uma cerca vá resolver o problema.

Nos tempos do Muro de Berlim, achávamos uma vergonha dividir uma cidade daquele jeito, separando até membros de uma mesma família, de modo arbitrário e ditatorial.

Hoje, a moda econômica é a globalização. Só que, ao invés de tornar melhor a economia dos países menos ricos, a globalização parece ter sido imaginada como um meio de concentrar mais ainda a riqueza nas grandes potências econômicas.

E o pior de tudo é que ninguém parece inclinado a chamar a tal cerca dos gringos de 'Cerca da Vergonha'.

Aliás, os governantes de ambos os países devem ter sido péssimos alunos de História. Construir muros para evitar invasões já não dá certo desde muitos séculos: os chineses que o digam.

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