sábado, setembro 16, 2006

O Centro sem Prefeito

Caminhando ontem pelo centro da cidade notei a diferença cada vez maior entre a cidade privatizada e a cidade que fica por conta da Prefeitura.
O exemplo mais gritante de privatização das ruas e espaços urbanos é a SAARA, uma área comprendida pelas ruas da Alfândega, Senhor dos Passos e Buenos Aires, incluindo suas transversais, no trecho entre a rua da Conceição e o Campo de Santana. As ruas vivem apinhadas de pessoas a vaguear entre lojas muito sortidas de todo o tipo de objetos de plástico, tecidos, bijuterias, roupas prontas, flores artificiais, artigos para presente, de uso doméstico, relógios, bolsas, malas, papelaria e o que mais o caro leitor imaginar. Em meio ao calor e o suor brilhando nos rostos das pessoas, as ruas mostram-se limpas, porém o ar é poluído pelo serviço de altos-falantes - parecem centenas deles - anunciando comerciantes da área, avisando clientes distraídos do lugar onde esqueceram seus cartões de crédito, apregoando pechinchas em um mar de preços populares. Assim é a cidade privatizada na marra, onde um exército próprio de garis mantém as ruas varridas e um bando de agentes de segurança mantém as noites calmas, além de impedir que notívagos embriagados improvisem banheiros em suas esquinas. Afora o barulho e o deslocamento difícil entre bancadas que ocupam calçadas e milhares de compradores em potencial, este SAARA carioca é limpo como um deserto.

Agora, vamos nos deslocar em direção à Rio Branco: atravessar a área do camelódromo oficial, a rua Uruguaiana e descer por qualquer uma daquelas que nos levam à Primeiro de Março. Logo de início, o que se nota é a sujeira. Lixo de pequenos panfletos empurrados para as mãos dos passantes e logo depois espalhados pelas calçadas, onde vão se juntar a copos descartáveis usados e outros objetos prestes a serem arrastados para entupir bueiros e esgotos na primeira chuva forte. Ruas antigas e estreitas, como as herdamos de há dois ou três séculos passados, transformadas em becos malcheirosos e escorregadios, pelos quais, certamente, não irá o nosso ausente alcaide ter a coragem de passar a pedir votos para seus apaniguados, num corpo-a-corpo com a sujeira e o fedor da sua própria administração.

Foi pena eu ter, desta vez, esquecido em casa a mini-Clone. Estando só, mais fácil seria fazer algumas paradas para obter alguns flagrantes dos locais.

Ficam as fotos para uma outra oportunidade - que espero não seja tão em breve.

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