sexta-feira, dezembro 02, 2005

Castigos...

A chuva parece interminável. O engarrafamento inevitável. Passa da hora de já estar em casa. O velho rádio do carro (eu bem que falei na hora de vender o anterior: "Deixa o rádio. Podemos comprar outro mais novo. Até com tocador de CD." Mas vai convencer a teimosa da patroa de que um rádio novo seria melhor que aquele queridinho 'quase um filho'? E foi transferido pro carro novo. Agora, nem fita consegue tocar. Logo, termina a Big Hour e após tentar fazer o pobrezinho tocar uma fita qualquer, só me resta a infame Voz do Brasil. Em Brasília, dezenove horas!!!
Pelo menos evita a solidão entre vidros meio embaçados, os diversos tons de vermelho das lanternas à frente e as caras de poucos amigos dos motoristas e passageiros nos carros ao redor.
Aos poucos, vou-me ligando nas vozes dos locutores, nas notícias. Perguntam sobre a corrupção - "É generalizada ou não?" "Tem em todos os Poderes, mas é apenas uma minoria que a ela se dedica". Explica o ilustre entrevistado, cujo nome não me faz falta ter esquecido. Mas, que estrago faz essa minoria!! Penso eu.
Falam do Dia do Samba - que por acaso é hoje. Você sabia? Nem eu. E lá estão dois representantes do samba em Brasília - um deles há trinta anos exilado do Rio de Janeiro, parece ter esquecido a inspiração por aqui.
Noticiário disso, daquilo e vem o Noticiário da Justiça - essa coisa rara no país tupiniquim: Empresa de ônibus, em Belo Horizonte, foi condenada a indenizar uma deficiente visual, agredida há uns dois anos (tarda, mesmo) por um dos seus motoristas que duvidara da cegueira da reclamante e lhe dera uns tapas - com certeza para ver se ela reagia, provando assim que enxergava muito bem. Só que a ceguinha, ao invés de partir para a porrada, preferiu apelar para um tribunal. Ganhou, mas levou pouco. A empresa vai ter que lhe pagar a mixaria de 5 mil reais. O motorista? Ah! Esse vai certamente ter que trabalhar como escravo, até ressarcir os cinco contos do patrão. Merecia mesmo era umas vinte chibatadas, seguidas de um banho de salmoura. Nesses casos, os costumes antigos seriam mais justos.

O próximo rádio do carro vai tocar até MP3. Com esses engarrafamentos em dias de chuva, só um disco onde caibam umas duzentas músicas vai me livrar da Voz do Brasil.

1 Comentários:

Blogger brasil disse...

Ouvir a "Voz do Brasil" ainda é menos penoso que ouvir a voz da própria consciência de 53 milhões de almas, a cobrar aquele voto no PT naquele dia...

10:13 PM  

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